Antônio Boaventura
Sem demagogia e maiores delongas, a história do Fortaleza pode ser contada a partir da chegada de Rogério Ceni e antes deste fato acontecer. Poucos ou quase nenhum profissional conseguiu atingir o patamar que o ex-goleiro e atleta do São Paulo alcançou no comando técnico do Leão do Pici, que perambulou por muitos anos no terceiro nível do futebol nacional, além de assistir o rival Ceará dominar o futebol cearense.
E não precisou de muito tempo para que isso pudesse acontecer. Este cenário começou a ser modificado em meados do mês de novembro de 2017. Ainda com um calendário enxuto, o Tricolor cearense tinha apenas as disputas do Campeonato Cearense e a Série B do Campeonato Brasileiro. E logo em seu primeiro teste á frente do Fortaleza, Ceni conquistou o vice-campeonato estadual e superou as expectativas com o incontestável título da segunda divisão do futebol brasileiro.
Utilizado como escudo para encobrir os problemas administrativos da equipe do Morumbi, bairro da zona sul da cidade de São Paulo, Rogério Ceni não se rendeu ao pragmatismo e ao pessimismo propagado em relação ao período em que esteve como técnico do São Paulo e encontrou no Fortaleza a tranquilidade e o espaço necessário para colocar em prática sua capacidade técnica. Resultado: títulos e estima em alta de dirigentes e torcedores de um clube que estava acostumado com a incerteza e decepções.
Diante deste novo cenário daquela agremiação do estado do Ceará, os olhares de outros foram direcionados para o Ribamar Bezerra, nome dedicado ao Centro de Treinamentos do Leão do Pici. Com os holofotes trabalhando em perfeitas condições, o comandante do Fortaleza rejeitou, de forma acertada, uma proposta para trabalhar no turbulento Atlético (MG). Resultado: mais títulos e valorização do clube nordestino em cenário nacional.
Apesar de oscilar no Campeonato Brasileiro da Série A, mas com os pés no chão, Rogério Ceni não esconde ou faz média com ninguém sobre quais são os propósitos do Fortaleza, que estão relacionados à sua permanência na elite do futebol nacional. E com esta postura, o Leão ganha credibilidade para que possa rugir mais forte em um futuro próximo e escrever novos capítulos com o final feliz para seus apaixonados torcedores.
Com resultados expressivos por contas dos títulos Brasileiro da Série B, Campeonato Cearense e da Copa do Nordeste neste processo de resgate do Fortaleza, não me surpreenderia ter o nome dele cogitado novamente para comandar uma grande agremiação do Brasil e num futuro estar no comando da Seleção Brasileira, que anda em descrédito com o torcedor e a população, apesar de Renato Gaúcho, que também faz um excepcional trabalho de resgate da alta estima do Grêmio.
Contudo, acredito que o futuro reserva boas histórias a serem contadas desse casamento, que até o momento, pode ser considerado perfeito entre Rogério Ceni e Fortaleza. Quem sabe o céu seja o limite para ambas às partes. Mas, uma coisa é fato, esta sintonia está deixando o torcedor do Tricolor cearense mal acostumado.